sexta-feira, 27 de abril de 2012

Classificação e parentesco evolutivo

 

>> De acordo com a sistemática moderna, o processo de evolução dos seres vivos é responsável pela diversidade biológica. Assim, todas as espécies compartilham ancestrais comuns, e as semelhanças entre elas são reflexo desse processo evolutivo.

 

>> As relações de parentesco entre grupos de seres vivos podem ser representadas em diagramas – atualmente chamados árvores filogenéticas – compostos por linhas que se dividem sucessivamente. Cada divisão indica que uma espécie ancestral deu origem a novas espécies. As espécies atuais estão representadas na ponta de cada ramo da árvore filogenética e, quanto mais se aproxima da base, mais antigo é o ancestral.

 

Relações de parentesco e classificação de alguns animais da ordem Perissodactyla.

 

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     Na parte superior esquerda da árvore, asno, cavalo e zebra teriam como ancestral comum um representante do gênero Equus, que originou todas as espécies de equinos. Se “descermos” pela árvore filogenética a partir do ancestral dos equinos, encontraremos sua relação de parentesco com os animais da ordem Perissodactyla, que reúne também a família Tapiridae (antas) e a família Rhinaceratidae (rinocerontes).

 

>> A cladística é um método utilizado para estabelecer relações filogenéticas entre os seres vivos, e procura reunir em um mesmo grupo apenas  organismos que compartilham uma história evolutiva comum [ clado]. Grupo de espécies que apresentam um ancestral comum exclusivo [clado] são denominados monofiléticos. Já os grupos de espécies que descedem de ancestrais distintos são chamados de polifiléticos.

>> Grupos monofiléticos compartilham características chamadas apomorfias ou características derivadas. Essas características são novidades evolutivas que não estavam presentes no ancestral comum e surgiram por modificação de uma condição mais antiga, chamada plesiomorfia ou característica primitiva. Por exemplo, pelo e glândulas mamárias são apomorfias de mamíferos, dessa forma, todo animal que apresenta pelo e glândulas mamárias é incluído no clado Mammalia. 

 

>> A cladística apresenta as relações de parentesco entre os seres vivos em diagramas semelhantes às árvores filogenéticas, denominadas cladogramas.

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Exemplos:

árvore filogénetica - exemplo

 

 

 

 

 

 

 

 

Conteúdo destinado a 3ª série do Ensino Médio.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A invenção do microscópio óptico à descoberta das células.

 

 

 

 

     O desenvolvimento do microcópio óptico dependeu dos avanços na produção das lentes de vidro. Pelo século XVII, as lentes foram refinadas a ponto de tornarem  possível a fabricação de microscópios simples. Utilizando um instrumento como esse, Robert Hooke examinou um pedaço de rolha e em 1665 comunicou para a Royal Society de Londres que a cortiça era composta de uma massa de minúsculas cámaras, que ele chamou de ‘células’. O nome  ‘célula’ foi estendido até para as estruturas que Hooke descreveu, que eram apenas as paredes celulares que permaneceram depois que as células vegetais vivas dentro dela morreram. Mais tarde e alguns outros dos seus contemporâneos foram capazes de visualizar células vivas.

     Por quase 200 anos, a microscópia ópica permaneceu um instrumento exótico, disponível apenas para poucos indivíduos ricos. Foi apenas no século XIX que ela começou a ser amplamente utilizada para visualizar células. A emergência da biologia celular como uma ciência distinta foi um processo gradual para o qual vários indivíduos contribuíram, mas o seu nascimento oficial geralmente é dito ser marcado por duas publicações: uma pelo botânico Mathias Schleiden, em 1838, e a outra pelo zoólogo Theodor Schwann, em 1838. Nesses artigos, Schleiden e Schwann documentaram os resultados de uma investigação sistemática de tecidos vegetais e animais com o microscópio óptico, mostrando que as células eram os blocos universais de construção de todos os tecidos vivos.

 

 

     O seu trabalho e o de outros microscopistas do século XIX lentamente conduziram à compreensão de que todas as células vivas eram formadas pela divisão de células existentes – um princípio algumas vezes chamado de a Teoria da célula. A implicação de que organismos vivos não surgem espontaneamente, porém podem ser gerados apenas a partir de organismos existentes, foi ansiosamente contestada, mas ela foi finalmente confirmada por experimentos realizados nos anos de 1860 por Louis Pasteur.

 

 

     O princío de que as células são geradas apenas a partir de células preexistentes e herdam suas características a partir delas fundamenta toda a biologia e dá ao assunto uma única ideia: em biologia, as questões sobre o presente estão inevitavelmente ligadas às questões sobre o passado. Para entender por que as células e os organismos de hoje se comportam dessa maneira, precisamos entender a sua história, todo o caminho de volta às origens vagas das primeiras células sobre a Terra.

 

     A teoria de Darwin sobre a evolução, publicada em 1859, forneceu a compreensão-chave que torna essa história compreensível, mostrando como a variação randônica e a seleção natural podem orientar a produção de organismos com novas características, adaptados a novos meios de vida. A teoria da evolução explica como a diversidade surgiu entre os organismos que compartilham um ancestral comum. Quando combinada com a teoria celular, ela conduz a uma visão de toda a vida, a partir do seu início até os dias atuais, como uma vasta árvore familiar de células individuais.

 

Fonte: Fundamentos da biologia celular/Bruce Alberts – 2ª edição – Artemed, 2006.

 

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